Divagações sobre o ginásio.
Passam-me centenas de coisas pela cabeça quando estou no ginásio.
Há inclusive aulas em que sinto vários picos de emoções :
- começo motivada;
- passo para a indiferença;
- quero chorar por ser desengonçada e descoordenada;
- penso : só mais um bocadinho;
- riu-me por ser desengonçada e descoordenada;
- relaxo;
- fico tensa;
- há alturas em que choro ( mas nem se nota... transpiro quase sempre );
- enfio-me no banho
- fico bem
A melhor parte das idas diárias ao ginásio é inequivocamente o momento em que entro no duche. Mais do que a transpiração, ou a maravilhosa sensação que será sempre ter água morna a cair no corpo, naqueles minutos sinto a divina reliquia que a vida nos dá : O dever cumprido.
Hoje viajei para as minhas aulas de educação física. Nunca me baldei. Quero dizer : nunca me baldei às aulas. Nas aulas era uma balda. Eu tentava correr : não conseguia. Tentava fazer os exercícios : era o terror.
Sofri um bullying nada traumatizante porque : usava óculos, tinha um ar de menina/boneca de loiça, não era magra e nunca consegui chegar com os dedos das mãos às pontas dos pés.
Mais tarde, e numa clara demonstração de Amor, era sempre a primeira a ser escolhida para as equipas de futebol. Quando o assunto era badmington nem tudo corria mal, mas se o voley era o desporto do semestre o Helder servia SEMPRE por mim.
Finalmente uma breve incursão pelo rugby : adorável desporto que nos permitia chafurdar na lama.
Os melhores dias ? Claramente quando chovia e tínhamos furo.
O mais engraçado é que hoje a ideia de não passar pelo ginásio me deixa desconfortável. Um desconforto diferente daquele que sinto quando olho para o meu corpo desengonçado. Há uma diferença entre um corpo desengonçado que se esforça e outro que preguiça. Não falo de volume corporal... falo de postura mental. Falo da vida no fundo. Não falo de gordos, magros ou assim-assim. Falo de mim. Só isso. Menos chateada comigo.
( E sim... adoro os sorrisos cúmplices das pessoas com quem se vai treinando sempre... uma espécie de "força, vamos a isto!" que se troca sem palavras nos corredores do Holmes Place das Amoreiras ).