A minha gravidez - I
Ponderei muito antes de escrever este texto.
Sei que estou sujeita a várias criticas e julgamentos. Só espero continuar a ter força psicológica para lidar com isso.
Antes de continuarem a ler é importante que saibam que existe um amor bonito. Que existe muita responsabilidade e todo o compromisso de fazer tudo o melhor possível. E que foi sempre assim,apesar de tudo.
Decidi escrever este texto porque decidi que a minha gravidez deveria fazer parte deste blog. Se ele é sobre mim e a gravidez é o meu estado actual outra coisa não faria sentido. Falo de praticamente tudo porque... acho que talvez existam mais pessoas a sentir o que senti e porque acho que é mais importante aceitar os sentimentos dos outros do que viver a julgar.
Naturalmente que o que mais ouvi foi : devias ter vergonha. Ou : não digas isso.
Mas disse.
A minha gravidez não foi planeada. Para ser completamente sincera também não foi um acidente completamente imprevisível. A verdade é que aconteceu.
Suspeitei que alguma coisa de diferente se passava porque estava com um atraso na menstruação : mas isso nem era de estranhar. Nos treino do ginásio sentia-me muito fraca, cansada e pouco disponível. Basicamente o meu corpo estava-me a pedir para ser branda.
Depois sentia muita fome. Uma fome anormal e real. Comia e tinha fome de mais alguma coisa.
O sinal que me fez de facto fazer um teste foram as tonturas. Sentia-me frequentemente tonta e sem muita força.
Decidi adiar ao máximo mas lá fui à farmácia e fiz um teste: negativo.
O alivio! Mas a pergunta: ora.... eu não me ando a sentir bem por isso algo se passa.
Marquei uma consulta com a minha ginecologista para perceber o que se passava. Depois de alguma observação o palpite dela foi que o meu stress e a minha ansiedade estariam a provocar estas alterações mas que deveríamos fazer um despiste de sangue.
O resultado saiu e apesar de um pouco dúbio ( os valores eram muito baixinhos ) os indicadores da gravidez estavam lá. Fiquei em pânico. Recebi os resultados do exame no e-mail minutos depois de saber que a minha colaboração com a RFM - no Café da Manhã - ia terminar e não podendo comparar as duas coisas senti que a minha vida estava a mudar e que estava completamente fora do meu controle. Lembro-me da Joana Cruz estar a falar comigo no bar, a dizer que não devia desistir de fazer alguma coisa: na rádio ou na tv... porque não? E eu só pensava que nada era possível se tudo se confirmasse ( o disparate...)
Falei com um amigo ginecologista, enviei os resultados, procurei saber onde estava a minha médica e fui de imediato ter com ela ao hospital. Foram 2 horas de espera muito confusas. Eu não estava a saber lidar com aqueles resultados, não estava a querer admitir que aquele valor podia evoluir, não queria estar a viver aquele momento.
Importa fazer um pequeno parênteses neste momento: desde os 18 anos ( tenho 28 ) que sonhava ser mãe. Há uns tempos essa vontade desapareceu. Não consigo explicar. Há aqui um certo "egoísmo". Finalmente sentia-me bem comigo mesma, sentia-me capaz de agarrar a vida, com imensa vontade de aceitar desafios e acima de tudo viver as oportunidades. Um filho ia alterar esses planos. Importa também partilhar que a primeira vez que pensei engravidar e que isso não aconteceu senti-me completamente falhada.
É curioso: quando engravidei deveria-me ter sentido finalmente completa, realizada e agora sim: capaz.
Mas não foi nada disso: senti-me perdida, insegura, dorida, pequenina e encurralada. Sim... passou-me tudo pela cabeça. Chorei muito. Por tudo: mas essencialmente por não querer sentir nada do que estava a sentir.
Ainda não parei de sentir medo. Ainda não parei de sentir uma grande confusão. Mas o mais engraçado é que ainda não parei de me sentir mais forte. Lembro-me de um dia estar a chorar em cima da cama e de pensar: eu consigo. Eu tenho de conseguir. Perguntei-me se conseguiria fazer isto sozinha, respondi-me que Sim e o Amor começou ali.
Procurei alimentar-me bem desde o dia em que soube. Abrandei no exercício físico ( lá iremos ), disse adeus ao copo de vinho e a todos os alimentos potencialmente perigosos. Adormeço no sofá antes do dia virar e mal tenho conseguido pegar no computador. Finalmente os enjoos abrandaram muito! Faço muitas caminhadas e tenho tentado fazer do yoga o meu melhor amigo. Ainda não comprei rigorosamente nada. Pelo contrário: tenho-me tentado libertar do máximo de coisas para ter espaço livre - em mim e em casa.
É claro que mudou muita coisa na minha vida. Mas as grandes mudanças ainda não estão perto de chegar.
Agradeço SINCERAMENTE todo o carinho que tenho recebido nos últimos tempos. As mensagens, os e-mails, os comentários no Instagram e no Facebook. Senti - mais do que nunca confesso - um carinho enorme e uma força positiva que de certa forma tornaram isto um bocadinho mais fácil!