Recomeçar no Fim É Difícil.
Isto não tem qualquer relação com o final do ano no sentido de "transição". Mas este limite entre o 13 e o 14 irão determinar o rumo da minha vida.
Tomei há uns meses a complicada decisão de me despedir.
Porque é que foi complicado?
Não há ordem de importância.
Custa abdicar de um rendimento fixo mensal.
Custa sair de um lugar onde tinha os mínimos garantidos e a certeza de que no final de cada mês tudo estava direitinho.
Custa sair de uma empresa onde trabalhei 6 anos, onde cresci, onde fui parar fresquinha depois da faculdade, onde aprendi de facto a trabalhar, onde - de certa forma - renasci enquanto pessoas.
Em 6 anos acontece um mundo de coisas. Fui muito feliz. Muito mesmo. E senti-me miserável vezes demais. Chorei. Na secretária, fechada na casa de banho, nos corredores, no metro para casa. Ri-me às gargalhadas nos mesmos sítios. Senti-me angustiada por coisas de trabalho e foi também ali que sobrevivi aos maiores desgostos que tive de sentir e que em nada estavam relacionados com aquele mundo.
A quantidade de pessoas que conheci foi IMENSA e felizmente as principais ainda hoje trago comigo. Vi colegas e amigos irem embora. Vi outros casar, ter filhos, mudar de casa, perder pessoas importantes, doenças complicadas, divórcios.
Tive o privilégio de conhecer artistas maravilhosos, participar activamente na produção de dezenas de espectáculos.
Cheguei a um patamar de independência tão simpático que pude viajar sem fazer contas à vida, de tirar vários cursos,formações e uma pós-graduação, que só foram possíveis pelo espirito de equipa na qual estava inserida.
O meu trabalho não era mau. O meu trabalho era importante. Muito importante.
E porque é que com tudo isto me decidi despedir?
Porque me vi a fazer outras coisas pelas quais era completamente apaixonada e que não eram compativeis com o meu emprego. Não é preguiça, eu gosto genuinamente de trabalhar. É ir atrás de um sonho - que nem eu sei bem qual é.
O meu emprego era confortável. Era uma porta muito grande que estava aberta. Mas usando as metáforas comuns... fui espreitando por outras janelas e percebi que se estavam a fechar.
Não estou desempregada. Estou por opção a trabalhar por contra própria. "Freelancer" como se diz.
Mantenho os outros trabalhos que tinha, as colaborações que já tinha desenvolvido - e que me dão um prazer GIGANTE. Que me fazem sentir realizada profissionalmente.
Tenho de ter um plano. Mas ainda não tenho.
Quase todos os dias ouço a pergunta legitima " E agora? O que vais fazer? Já sabes?"
Não sei.
Não parei desde que "parei". Mas confesso que tanto quanto posso perceber só em 2014 é que as coisas vão acontecer. Desde dia 16 que parece que está tudo de molho e que muito pouco acontece. Esta época de "festas" faz ficar tudo a meio gás. Não tem problema.
Ainda não estou a desesperar. Longe disso.
Estou mais tranquila do que nunca.
Tenho saudades - muitas - dos meus colegas. Com que partilhei tanto da minha vida. Mas isto é saudável.
Sinto-me - aliás - mais saudável do que nunca.
Não é uma resolução de Ano Novo... é uma coincidência de tempos. O que lá vem tem de ser bom. O que lá vem tem de fazer tudo isto valer a pena.